quarta-feira, 21 de março de 2012

Visto por dentro

Sempre tive o estranho costume de eleger prioridades, fazer escolhas mais gerais, apontando para um elemento particular absolutamente desimportante, acessório. Assim, de certa forma, entreguei a inócuas causalidades algumas de minhas perspectivas mais promissoras. Que outro desvairado escolheria uma cidade estrangeira para morar em função da existência de um grande time de futebol, ou iniciaria o estudo de um poeta em razão de dois poemas lidos? Para mim, são escolhas absolutamente naturais.
Os nomes nomeiam, têm substância real. Amar é entrega, tudo menos o declarar-se. Se a análise suprime o desejo, que valor vejo em conhecer?
E por que o imponderável grita em mim, se já sabe que será ouvido?

Whitman e a leveza

Definição tomada
de empréstimo. Estamos aguardando
definição. A produção, a fração.
Que segurança em saber
que haverá nas praias guarda-chuvas.
A menor partícula possível da
disciplina espelha a conjunção
que desampara. O inapelável
degredo.

terça-feira, 13 de março de 2012

Finisseculares

Tarde escura, como um século, cai pesada sobre a noite, lençol da noite. Promessa. E aqueles que sobrevoam o infinito povoam agora a minha estada. Afra, Djalma, Denise. Por que é noite e à noite a vida vem caudalosa, e por isso a morte.
Eu vejo. É um salão amplo, e todos de pé. Hoje mais, não há porém dor nem revolta. Há uma silente música, um ruído de magoazinha. Será Deus?