sábado, 15 de outubro de 2011

Bufonismo

hoje ao sair de casa me dei conta de que esqueci quem eu era peguei uma bandeira amarela e saí pela rua a gritar que era uma bandeira amarela gritante um policial veio me deter e eu disse você não pode me deter, porque eu sou uma bandeira e tenho princípios ele me disse vai se foder seu reacionário cusão e me jogou na cadeia porque eu era uma bandeira amarela.


quando meus pais pagaram a fiança eu resolvi me exilar na coreia do sul porque nenhum brasileiro xucro tinha capacidade de entender os meus ideais mas na coreia do sul o pessoal não gostava tanto assim de bandeiras amarelas porque num país amarelo isso soava um tanto fascista.


então hoje eu escrevo livros de doutrina da bandeira amarela para neófitos, aqui, na prisão de yeong chu, recebendo camaradas amarelos que gritam em praça pública pela urgência da bandeira amarela neste mundo cheio de grandes cooperativas a veja me adora me chamou de ícone e por isso fez as páginas amarelas.

Ética de Samurai II

Inimigo é todo senhor contrário ao seu senhor.


"Quando Shoji me disse que havia se corrompido, tive vontade de matá-lo. Ao menos, submetê-lo. Trair é atributo dos fracos, e não me constava motivo suficiente para que minha irmã recebesse esse castigo. O meu senhor é um homem inteligente, disciplinado e justo. Comuniquei-lhe a minha revolta e ele disse que Shoji agira de forma dúbia: estava certo e errado. Certo porque, se o fizera, é porque minha irmã o deixara dispersar; errado, porque ele agira contra o amor em seu próprio domínio.


Concluí que estava eu também sujeito à desonra quando percebi a criada Mitiko ouvindo, por detrás do biombo, nossa conversa. Tive vontade de atravessá-la com minha espada. Em minha mente o mal crescera, tomara forma de dragão, e já se alinhava como injustiça, tal qual uma linha de ataque em formação. Shoji, que era mais fraco do que eu, compunha esse exército, e eu me vi disperso a seu lado. Tentei a todo custo matar sua sombra no meu delírio."

Ética de Samurai I

Como não tivesse um exemplar do Bushido entre os despojos, guardara nas mãos a firmeza de um guerreiro.
Separou a ração que deveria servir à nação de que provinha. Jorge, seu senhor e pai moribundo. Com os olhos obstinados e a elegância de um dândi, andou por três milhas e parou à beira do São Francisco.
Era gente demais, fome demais e comida de menos, não lhe cabia que fosse assim, tantos outros com fome.
Era o grande São Francisco, a guerra não havia de terminar nunca. Mais honroso viver e ensinar novos samurais.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Você não quer paz, Obama

- Você tem nome de africano e alma de ianque.
- Yes, sir.
- Então você deveria ser a própria liberdade. Por que, Obama, não à Palestina?
- O meu país é feito de sangue e sexo. É a economia que veneramos.
- Você não acredita em liberdade?
- Sim. Lutamos muito por isso.
- Qual é a sua definição de liberdade?
- ... Liberdade é poder. Se você mata um homem e está consciente que o fez em nome de um poder maior, está próximo da felicidade, porque está perto do Bem. Há bons e maus homens, como há boas e más mulheres. O sagrado direito à liberdade deve ser mantido, ampliado e justificado, e é por ele que somos os machos-alfa da Humanidade.
- Algumas pessoas serão sacrificadas por isso.
- Fatalmente. Mas é preciso reconhecer, com certa inveja, que ao contrário desses, não nos espera uma legião de virgens.

Cosmogonia indígena

tupi era motoqueiro e tinha cabeça quente o dia inteiro pelo sol. era uma vez ele estava pela rua grande ao lado do rio. era quando era quase noite e um grande bicho de lata apareceu morto no canteiro. ele teve que desviar o seu caminho até um belo campo muito cheio de árvores grandes perto do rio. havia uma árvore mais bonita do que as outras, muito robusta, cheia de flores de uma cor muito bonita. a árvore toda era uma flor rija e bonita, e ele parou para ver. quis chamá-la jacarandá, porque era uma madeira muito bela e forte. num galho ele viu um bichinho peludo e pequeno saltando nos galhos bonitos do jacarandá. ele tinha uma cara muito marota, era muito rápido e muito feliz. tupi lhe deu o nome de sagui, porque era pequeno e feliz. o jacarandá balançava com o vento e apareceu uma ave linda e pequena que parava de voar quando estava perto das flores. ela tinha penas coloridas e um bico muito longo e gracioso.
mas tupi não conseguiu pensar num nome bonito para uma ave tão linda.
foi quando uma moça morena de cabelo escuro apareceu e disse a ele: este é o beija-flor. tupi se virou, olhou para ela e viu que ela era mais bonita do que a ave bonita. ele ficou sem palavras.
e o mundo começou a existir.

sábado, 1 de outubro de 2011

Alegria


Angenor, na janela, fumando um cigarro. Sobre o véu escuro de um tanto de decepções, é onde flutuamos. Existe uma voz antiga que cala sempre quando há alegria, e é no avesso da certeza que vige a poesia. Cobrir-se de um manto de incerteza, fumaça de cigarro, dos timbres do violão. Para tanger a lira de esperanças vagas ele esmera-se na moldura, tornando-a obra de arte parnaso-popular, fantasia de carnaval. Porque quando o vate, azougue de linhas tortas, brinca com coisa séria, amor, flor e dor são termos belamente rimáveisAngenor fumando um cigarro em sua janela. Jaz mais uma bituca. Si bemol, Canhoto...